Monday, February 27, 2012

Introdução-semMeio-eFim


Ainda me sei afortunada, mas não mais me sinto. Por vezes, sinto nada. Por nada, às vezes, sinto.
Ensaio brincar com palavras, e crio e finto
a mim mesma. Tonta por vezes me faço, por vezes me passo, por vezes me sinto.
Zonzeira do desabafo, afastam-se os laços com aquele menino. Meu peito ficou no espaço, não era aço, era ninho. Agora, por entre os traços, se afrouxa a trama, um desembaraço. E criam-se em novos passos tantos pedaços, um infinito. Oh que destino esparso! Tanto faço, e me desvaneço em sino. Um trato pra descobrir que o tácito traria a fim toda quimera em mim.

Quimera

Momentos,
bons,
argumentos
pra sonhar com futuro,
ou gatilhos da nostalgia.

Alice e a ambiguidade

"Corre, coelhinho!
Mas cuidado!
Para não deixar a vida passar
preocupada com o passar
do tempo"

Contemplação

Um olhar denuncia
cobiça
ou renúncia.
Como gostaria de rever meu próprio reflexo
ao voltarem-se esses olhos para
a primeira opção.

Créditos

Um bando de frases feitas cruzam por entre as orelhas. A cada segundo, nova palavra desponta pelo avesso das pálpebras.  Quem sabe esse filme ainda tenha bonus pós créditos (ou promessa de)...

Escolha de Personagens

Enquanto um decide voltar-se a plenitude despretensiosa do cotidiano do andarilho, o outro (que nisso certa vez já encontrara paz) deseja retomar sonhos heróicos.
Eles, se movem agora por razōes distintas. E o mundo continua o mesmo, contudo destinto.

Wednesday, February 22, 2012

Raízes

Voar é ponto de vista.
Perder o chão é ser compelido a abandonar o próprio paraíso.

Paixão expressa

Terrível o sucesso em sufocar o passional em si.
Ou cria-se um vegetal, ou uma besta.

Presença

Quando ele chega,
já nao mais lhe consome
aquele calor que lhe enchia o ser,
inflava os pulmōes tanto que lhe faltava ar,
lustrava-lhe os olhos,
umedecia-lhe a boca...
... e o resto

Quando ele chega,
é bom. Ja voltou a ser...bom.
Mas nao que lhe faça pular feliz antes das 7;
Nao que lhe faça pular noites de sono, por esse ou outro motivo;
Nao que lhe mova;
Nao que lhe faça sentir
querer...

Quando ele chega, é a certeza de jamais poder ter vivido o que nao existira
Embora certas sejam as teimosas lembranças de tal tempo.

Quando ele chega,
é o vazio que ficou,
é a benção que se despiu
de todas as promessas
é a admiração que se foi
mutuamente
é ter se afastado da visão daqueles olhos;
é ter curado a cegueira;
é sentir-se míope;
é se ver através das lentes
trocadas por conveniencia,
focadas
lá e cá.
Diferentes processos de revelação
e entender que muito mais do que se espera
nao passava de negativos
guardados em lugares secretos
ou apenas memórias
Quantos mais?

Quando ele chega,
é ver as nítidas cores de um slide
tornarem-se apagadas,
indesejadas,
ou apenas distantes
É sentir o sufocar
dos belos versos
que nao mais tem porque existir,
que de fato ja não mais existem,
pois aqueles palavras ja se referem ao que nunca foi.


Quando ele chega,
é promessa de complitude
que se foi.
É arrepender-se por nao manter seus segredos.
É ponderar.
Possível querer d'outro jeito
o que ja se pensou ter mais que o querido?
E duvida.
Mais do que confiar no que se alcança do outro,
confiar no que se faz capaz de ver,
confiar em si.

Quando ele chega
é perder-se nas brumas
é sentir-se abandonada por desejos
dele, seus;
é sentir só
amor
tão só
quanto amor pode passar a ser.








Tuesday, February 21, 2012

Somewhere over the rainbow, running away from the witches

Uma mudança de direção. Não seria melhor uma publicação virtual e anônima? Sim, essa poderia ser uma solução temporaria, pensou ela (em uma das poucas vezes em que se pensava discursando em primeira pessoa). Assim, embora deixasse jorrarem as palavras que lhe inundavam o crânio (como quisesse aliviar um vortex na meninge causando vacuo em seu coração), apaziguaria igualmente o estranho desconforto em se ter despido a alma, postada em papel.Conveniente. Incrível como essa palavra lhe veste ultimamente.

 As palavras estariam ali, mas apenas para quem as encontrasse. Diferente do moleskine de costume, mas fácil serem encontradas por estranhos. E estranhos nao conhecem o suficiente para que aquelas palavras permitam compreender sua historia. No máximo, alguém poderá, quem sabe, ver ali uma leitura daquilo que gostaria também de dizer; pois que quando lemos as palavras passam as nos pertencer e a leitura importa mais do que o que foi escrito.  E, assim, encontrar alívio naquelas palavras tanto quanto ela ja encontrara em tantos autores que melhor que ela descreveram suas dores e alegrias, tédio e climax, sonhos e cair das nuvens.

Seus textos emitem ainda certo grau de abstração; porém, agora, incontestavelmente, imprimem algo de forma mais pessoal e direta. O tempo dos versos e frases que em si declaravam tanto dando vez a longos textos, nem sempre demonstrando brilhante cognição. Melhor dizer, invariavelmente denunciando confusão. Desejando traçar belas palavras, mas não encontrando porque. Inundada por magoa tão profunda que não se resume. Vivia algo que parecia nao existir. E, no fim, nao mesmo existira. Deseja agora que todo esse vazio seja igualmente um deslize de percepção. Buscando encontrar algo que lhe torne vivos os olhos mais uma vez.